Quarta, 14 de maio de 2014 às 22:10

Ameaça da Unesco pode parar obras do Baixo Iguaçu

O Paraná e G1



A exemplo do que fez no auge da luta pela reabertura da Estrada do Colono, a Unesco, braço da Organização das Nações Unidas, volta a ameaçar o Brasil com a retirada do título de patrimônio natural da humanidade do Parque Nacional do Iguaçu. Agora, o principal motivo são as obras de construção da Usina Baixo Iguaçu, em execução entre os municípios de Capanema e de Capitão Leônidas Marques.
A denúncia de que o empreendimento pode representar riscos ao rio Iguaçu, que abastece as mundialmente conhecidas Cataratas do Iguaçu, foi feita pela ONG WWF, uma das maiores redes de proteção à natureza do planeta. A preocupação, segundo a diretora da organização não governamental no Brasil, Maria Cecília de Brito, é que a barragem pode afetar o curso do rio e reduzir a diversidade de peixes de uma das principais bacias hidrográficas do Sul do País.
A ameaça da Unesco toma por base também um trabalho que ganha corpo no Congresso e que tenta transformar o Caminho do Colono em uma Estrada-parque. O título de patrimônio natural da humanidade foi concedido ao Parque Nacional em 1996 e três anos depois, com a reabertura temporária do percurso de 18 quilômetros, entre Serranópolis do Iguaçu e Capanema, a Unesco prometeu retirar o reconhecimento caso o percurso não fosse interditado. A primeira vez que a Justiça fechou a estrada foi em 1986. Porém, moradores da região reabriram ilegalmente o caminho em 1997. A proposta de reabertura é do deputado federal Assis do Couto, do PT.
Mesmo com a intenção de fazer do caminho uma estrada-parque, com tráfego limitado e apenas durante o dia, os ambientalistas consideram a tentativa um equívoco. "É no mínimo incompetência alegar que, em um estado rico como o Paraná, a reabertura é movida apenas pela recuperação de suas cidades que estão em seus extremos", conforme Maria Cecília. O presidente do Conselho de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli, diz ser contra a hidrelétrica do Baixo Iguaçu. "Em 2008, entramos com ação na Justiça Federal, mas fomos vencidos".
O projeto de reabertura da Estrada do Colono está em discussão no Senado, mas ainda não tem prazo para ser votado. Já a Usina do Baixo Iguaçu, que deve ficar pronta em 2016, vai gerar energia para atender 1 milhão de consumidores. De acordo com o consórcio responsável pela obra, o projeto respeita as leis ambientais.

Melhor
Líderes que há dez anos acompanham os desdobramentos que levaram a várias adequações no projeto da Usina Baixo Iguaçu e também quanto aos cuidados ambientais adotados, dizem que o apelo da Unesco de paralisação da obra é oportunista. Quem conhece o empreendimento sabe que a região diretamente alcançada por ela ficará melhor, inclusive com a recuperação florestal de imensas áreas de terra hoje degradadas. Quanto ao fluxo do rio, o argumento é que o reservatório é o menor do País para uma usina com capacidade idêntica e que a tecnologia empregada é a de passagem, que não há prejuízos ao Iguaçu. "Desde que empregados cuidados corretos, não haverá problemas", diz o ambientalista Edson Gavazzoni.

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