A enchente que castigou o Paraná há quase dois meses ainda é sentida com força por famílias de agricultores da região atingida pela futura usina de Baixo Iguaçu. A cheia do rio trouxe prejuízos aos ribeirinhos e paralisou as negociações de temas importantes referentes à implantação da hidrelétrica. "Embora ainda não exista uma previsão de quando isso ocorra, é crescente a expectativa das famílias de retomada do diálogo", segundo um dos representantes dos atingidos, Sidnei Martini.
Pelo menos 315 famílias foram afetadas por uma manobra do operador considerada infeliz - mas que a Copel afirma ter sido necessária para evitar danos ainda maiores. As comportas foram abertas somente quando o limite de capacidade do reservatório da Usina de Salto Caxias foi atingido. Com a liberação de um grande volume de água quase que simultaneamente o nível do rio subiu rápido e as famílias não tiveram tempo para salvar pertences e até rebanhos.
A enchente trouxe consequências também para a hidrelétrica em obras, com danos a boa parte do trabalho que já havia sido feito e também com a perda de maquinários. As últimas semanas foram de reparos e os avanços são mínimos. Embora a informação não seja oficial, há riscos de o apertado cronograma da obra, que deverá estar pronta e gerando energia em 2016, seja afetado. A usina, em construção pelo Consórcio Geração Céu Azul (Neoenergia e Copel), está orçada em R$ 1,7 bilhão.
Há um mês, uma comissão das famílias atingidas esteve em Brasília para audiência com membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, sob liderança do deputado Assis do Couto (PT). O cenário de dificuldades foi relatado e os parlamentares se comprometeram em ajudar.
As principais pendências são a indefinição quanto aos valores definitivos do caderno de preços às áreas ocupadas e da falta de opções claras para a criação de futuros reassentamentos. São 1.025 as famílias, de uma forma ou outra, afetadas pelo empreendimento. "A expectativa de todos é de que esse especial momento de dificuldades da Baixo Iguaçu seja superado o mais depressa possível e os acordos ocorram de uma vez por todas", conforme Sidnei.
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